Aliás, desde a primeira palpitação mais forte que senti, isso lá pelos idos de 1984, especificamente no carnaval, e mais especificamente ainda, no desfile das campeãs, quando meu coração disparou, e tratei logo de procurar uma explicação e o médico foi categórico:
“- Seu coração é verde e rosa”.
Sempre soube que isso era grave, e pra minha felicidade, é uma coisa que não tem cura!
Tratei logo de me submeter a um longo tratamento, à base de muito samba de qualidade, de muita emoção, de muito orgulho pelas cores da minha bandeira, e vez por outra visito o morro, onde tem um centro especializado nessa dádiva, que os leigos chamam de quadra, mas eu, de Palácio. É assim a vida saudável para alguém que descobre ter o coração verde e rosa.
Confesso que com toda a rigorosidade com que encaro esse tratamento, e por mais acostumado que esteja com os efeitos colaterais, nem sempre consigo conter um dos principais deles, que é o choro. É incrível como tratar do coração verde e rosa provoca lágrimas.
E hoje, durante minha terapia diária, não é que novamente senti os efeitos disso?
Diante da tela do computador, buscando cada vez mais remédios para essa verdadeira loucura, que me deixa tão lúcido, deparei com uma canção, e claro, baixei, sob o pretexto de que era uma versão ao vivo de “Verde que te quero rosa”, na voz daquele que a criou, e mais ainda, em sua última apresentação ao vivo.
Pacientemente enquanto baixava o arquivo, tratei logo de disponibilizar aqui, e finalmente, pus-me a ouvir...
Cartola, com aquela voz tão cheia de verdade Mangueirense, tão íntima, tão certa do que está falando (talvez esteja falando de si) , é um tratamento muito pesado para quem tem a Mangueira dentro do coração.
E chorei...
E como nessas horas, ficamos muito religiosos, me apeguei na fé.
OBRIGADO DEUS, EU SOU MANGUEIRENSE!